sexta-feira, 30 de maio de 2014

Aterosclerose

ATEROSCLEROSE E DOENÇAS CARDIOVASCULARES

A aterosclerose é uma das principais doenças cardiovasculares. Mas as doenças cardiovasculares não se referem a uma única doença, referem-se a várias doenças que afectam o coração e os vasos sanguíneos. As doenças cardiovasculares são na realidade um grupo de mais de 60 doenças do coração ou do sistema de vasos sanguíneos.
Existe uma diferença entre as doenças cardiovasculares e as doenças cardíacas.
“Cardio” refere -se ao coração, e “vascular” refere se ao sistema circulatório. As doenças cardíacas referem se apenas às doenças do coração e do sistema de vasos sanguíneos dentro do coração. A doença cardiovascular refere se a doenças do coração e doenças dos vasos sanguíneos do sistema inteiro.

As doenças cardiovasculares como a aterosclerose  são responsáveis por cerca de 40% dos óbitos em Portugal.

Na maioria dos países ocidentais, a aterosclerose é a doença mais frequente e a causa principal de morte, representando o dobro das mortes por cancro e 10 vezes mais do que por acidentes. A aterosclerose é uma doença na qual depósitos de gordura (ateromas) se acumulam no interior dos vasos sanguíneos formando placas espessas. Cada zona de espessamento (placa aterosclerótica ou ateroma) enche-se de uma substância mole, formada por diversas substâncias gordas, principalmente colesterol, e diversos tipos de células. Os ateromas podem localizar-se em qualquer artéria de tamanho grande e médio, mas geralmente formam-se onde as artérias se ramificam.
Com o tempo, a placa endurece e estreita as artérias, podendo chegar a obstrução total do vaso.
Como resultado, podem se desenvolver vários tipos de doenças dependendo das artérias que são afectadas. A redução do fluxo de sangue rico em oxigénio para os órgãos e outras partes do corpo pode levar a problemas graves, incluindo enfartes, acidentes vascular cerebral ou mesmo morte. Existem várias causas para a aterosclerose como a hipertensão arterial, o colesterol, a diabetes, a obesidade,o tabagismo e o sedentarismo.

A aterosclerose é uma doença lenta e progressiva e pode iniciar-se ainda durante a infância.

A aterosclerose normalmente não apresenta sintomas até aos 50/70 anos, embora possa atingir adultos jovens (30/40 anos), principalmente se forem fumadores intensivos. Um estudo realizado em 2001 demonstrou que 51,9 % apresentavam  aterosclerose, 85% das pessoas com mais de 50 anos sofriam de aterosclerose, e o mais surpreendente é que 17% dos adolcentes apresentavam os primeiros sinais de aterosclerose. Cardiopatia isquémica é um termo utilizado para descrever as doenças cardíacas provocadas por depósitos ateroscleróticos.
A causa mais frequente da cardiopatia isquémica é a aterosclerose.
Cardiopatia significa doença do músculo cardíaco (miocárdio). É o enfraquecimento no músculo do coração devido à falta de oxigénio. A doença Arterial Coronária é a principal causa da cardiopatia isquémica. Outra consequência da aterosclerose é a  doença arterial coronária. Quando placas de gordura (ateromas) se acumulam na parede das artérias coronárias, provocam o estreitamento e por vezes o bloqueio das artérias que fornecem sangue rico em oxigénio ao coração. A redução do fluxo sanguíneo ao músculo cardíaco resulta numa isquemia (do grego, isch – restrição, e hema, de sangue) para o músculo cardíaco que causa danos ao músculo do coração.

A aterosclerose é a causa mais comum de AVC’s,  doença vascular periférica e enfartes.

O enfarte agudo de miocárdio (ataque cardíaco) ocorre geralmente quando a obstrução de uma artéria coronária restringe gravemente ou interrompe o fornecimento de sangue a uma região do coração. Se o fornecimento é interrompido ou reduzido significativamente durante mais do que alguns minutos, a secção do músculo cardíaco afectado fica danificado por falta de oxigénio e começa a morrer.
A causa mais frequente de obstrução de uma artéria coronária é um coágulo sanguíneo.
Geralmente, a artéria já está parcialmente estreitada por ateromas devido à aterosclerose. Um ateroma pode rebentar e derramar o seu conteúdo gordo e desencadear a formação de um coágulo sanguíneo (trombo). O coágulo estreita ainda mais a artéria e pode provocar um bloqueio ou então desprende-se e entra na corrente sanguínea até chegar a uma artéria mais pequena, onde causará uma oclusão (embolia). O bloqueio completo dos vasos sanguíneos leva a um ataque cardíaco (enfarte do miocárdio) ou um AVC (acidente vascular cerebral). Um acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando o fornecimento de sangue a uma parte do cérebro é interrompido, causando a lesão ou morte das células cerebrais. Pode ser  causado por uma isquemia (falta de fluxo sanguíneo), por entupimento (trombose, embolia), ou uma hemorragia (perda de sangue).
Como resultado, a área afectada do cérebro é danificada, comprometendo o seu funcionamento.
Quantidades insuficientes de sangue a determinadas partes do cérebro durante um período curto de tempo produzem os acidentes isquémicos transitórios (AIT). Quando que se verifica um restabelecimento rápido do fluxo sanguíneo, o tecido cerebral não morre, como acontece no AVC. O acidente isquémico transitório é, frequentemente, um aviso precoce de um AVC. O modo como os AVC´s ou os acidentes isquémicos transitórios afectam o organismo depende precisamente da área onde se interrompeu a circulação cerebral ou se produziu a hemorragia.
Cada área do cérebro é irrigada por vasos sanguíneos específicos.
Por exemplo, a obstrução de um vaso na área que controla os movimentos musculares da perna esquerda produz debilidade ou paralisia nessa perna. A perda de funções é máxima imediatamente após um AVC. No entanto, habitualmente recupera-se parte da função e, enquanto algumas células cerebrais morrem, outras estão só lesionadas e podem ser recuperadas.
A angina é, de um modo geral, o resultado de uma doença das artérias coronárias frequentemente devido à aterosclerose.
Mas também pode ter outras causas como por exemplo anomalias nas válvulas do coração. A Angina de peito manifesta-se quando, durante um esforço físico, se tem uma sensação de peso, aperto ou dor no peito por detrás do esterno.  Essa dor pode viajar para o pescoço, queixo, braços, costas, ou mesmo os dentes, e pode ser acompanhada por falta de ar náuseas, ou suores frios. Quando as artérias coronárias ficam com o diâmetro reduzido por mais de 50 a 70 por cento, as artérias podem não ser capazes de aumentar o fluxo de sangue para o músculo cardíaco durante o exercício ou outros períodos de esforço físico.
Um fornecimento insuficiente de oxigénio ao músculo cardíaco provoca angina.
A angina de esforço normalmente dura de 1 a 15 minutos, e melhora com repouso ou com a administração de nitroglicerina, colocando um comprimido debaixo da língua. A angina geralmente agrava-se com o frio e depois de comer. Caminhar contra o vento ou sair de uma casa quente para um espaço onde o ar seja frio pode provocar angina de peito. O stress também pode desencadear uma angina ou fazê-la piorar. Às vezes, uma emoção forte, mesmo que se esteja em repouso, ou um pesadelo durante o sono provocam o aparecimento de angina.  Angina de esforço pode ser o primeiro sinal de alerta de doença arterial coronária avançada.
Arritmia cardíaca é o nome genérico de diversas perturbações que afectam o sistema eléctrico do coração alterando a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
Normalmente as paredes musculares contraem-se numa sequência precisa, e durante cada batimento expulsam a maior quantidade de sangue com o menor esforço possível. Com a arritmia os batimentos cardíacos podem ser muito lentos, muito rápidos, irregulares, ou precoces.  Arritmias rápidas (superior a 100 batimentos por minuto) são chamadas taquicardias.  Arritmias lentas (mais lento do que 60 batimentos por minuto) são chamados bradicardias. Ritmos cardíacos irregulares são chamados fibrilações (como na fibrilação atrial e fibrilação ventricular).  Quando um batimento ocorre mais cedo do que o normal, é uma contracção prematura. As arritmias podem dever-se a várias razões, mas a causa mais frequente das arritmias é a doença cardíaca, em particular a doença das artérias coronárias, o mau funcionamento das válvulas e a insuficiência cardíaca. As arritmias podem levar à morte e constituir um caso de emergência médica. A maior parte delas é, no entanto, inofensiva.
Insuficiência cardíaca  surge quando o coração é incapaz de, em repouso, bombear sangue em quantidade suficiente através das artérias para os órgãos, ou, em esforço, não consegue aumentar a quantidade adicional necessária.
Os sintomas mais comuns são a fadiga e uma grande debilidade, falta de ar em repouso, distensão do abdómen e pernas inchadas. A doença arterial periférica ocorre quando devido à aterosclerose a placa acumula-se nas principais artérias que fornecem sangue às pernas e braços.Quando o fluxo sanguíneo a estas partes do corpo fica reduzido ou bloqueado pode resultar em dormência, dor e por vezes infecções. Algumas pessoas nascem com doenças cardiovasculares, outras irão desenvolvê-lo durante as vidas. A maior parte das doenças cardiovasculares resulta de um estilo de vida inapropriado e estão associadas a um conjunto de factores de risco. Alguns não podem ser modificados, como a hereditariedade, o sexo e a idade. Outros, pelo contrário, podem ser modificados com medidas de estilo de vida e medicamentos.
Os principais factores de risco cardiovascular, que podemos controlar, com a informação adequada são os seguintes:
  • Sedentarismo
  • Hipertensão
  • Tabagismo
  • Stress
  • Obesidade
  • Diabetes
  • Colesterol
Se tem 40 anos e é basicamente uma pessoa saudável tem 50% de hipoteses de desenvolver ateroslerose ao longo da vida. E o risco aumenta à medida que envelhece. A maioria de adultos com 60 anos ou mais sofre de aterosclerose apesar de não apresentar sintomas. O rastreio e o diagnóstico médico são fundamentais para avaliar o risco que se corre de vir a ter uma doença cardiovascular. Quanto mais precoce é o diagnóstico, maiores são as possibilidades de impedir o aparecimento da aterosclerose ou o agravamento de doenças cardiovasculares.

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